Por: Rubieli Silvani Badalotti - Neuropsicóloga

“Se você viu uma criança com autismo, de fato você só viu uma criança com autismo.” - Brenda Smith-Myles. University of Kansas

Essa frase é bastante interpretativa e traz dúvidas quanto ao seu significado. Como assim, “só viu uma criança autista?” Criança com autismo? Enfim, o que é autismo?

Esses são os maiores questionamentos que as pessoas se fazem. Este termo vem sendo mais claramente falado há realmente pouco tempo, embora tenha sido nomeado por Eugen Bleuler em 1911. O nome Autismo vem da palavra grega “Autos”, que significa “próprio”. No entanto, foi na década de 40, que o Psiquiatra Infantil Leo Kanner, diferenciou o Autismo de outras psicoses graves da infância. Desde então, iniciaram-se novos “olhares” e buscas pela identificação, tratamentos e estimulações. 

O Autismo foi enquadrado nos manuais de Classificação de Transtornos e há muito tempo vem recebendo novas nomenclaturas. Atualmente com a nova edição do DSM –V (em 05/2014), o diagnóstico do Autismo sofreu algumas modificações na sua organização, tendo nova nomenclatura: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Porém não foi apenas uma mudança de nome, e sim de classificação, ou seja, o TEA foi dividido em níveis: leve, moderado e grave.

Para entender melhor o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é necessário compreender quais são as suas características. É importante frisar que conforme o nível (grau) de TEA a criança ou pessoa apresentará ou não todos ou parte dos sintomas a serem descritos (são variáveis, cada pessoa é única)

As principais características que podem oscilar: dificuldades de estabelecer interações sociais, isolamento, dificuldades em ter consciência do outro; evitar o contato visual. Nem sempre demonstram afetividade; resistência à mudança de rotina. Movimentos estereotipados (movimentos que se repetem frequentemente). Dificuldades para brincar de faz de conta, “manias” e apresentar interesse fixo por um determinado objeto e/ou assunto. Podem apresentar sensibilidade a estímulos sensoriais. Podem apresentar comportamentos agressivos como o ato de bater com a cabeça repetitivamente, morder-se, jogar-se ao chão quando são contrariados, além de auto-agredir-se, muitas vezes sem razão aparente. Quanto à linguagem, podem apresentar incapacidades quanto à comunicação gestual ou verbal. Quando verbais, podem ter dificuldade em iniciar ou manter uma conversa e dificultosa compreensão de metáforas.

O TEA surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e principalmente pelo fato de, na maioria das vezes, a pessoa que tem o transtorno ter uma aparência não sindrômica.

Então, por quem deve ser avaliado a pessoa com suspeita de Transtorno do Espectro do Autismo? A indicação para avaliação, é melhor definida quando é realizada por uma equipe multidisciplinar, podendo incluir: Médico Neuropediátra; Neuropsicólogo; Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional. Sendo assim, a avaliação se dará de forma a pontuar questões, como: Reconhecimento e diferenciação do nível do espectro de autismo apresentado pela criança e análise de sua capacidade cognitiva;

Nível comportamental, (discrepâncias entre inteligência e comportamento adaptativo); Aspectos da linguagem; Análise de possibilidades medicamentosas; Definição de programas educacionais individualizados e tipos de intervenção adequados a cada criança; Entre outras. Após o diagnóstico, é indicado a cada, em média, dezoito meses, reavaliação para averiguação evolutiva, ou seja, mensurar avanços pré e pós intervenção.

Hoje, sabe-se que as primeiras manifestações podem ser observadas desde o primeiro ano de vida. Então, neste dia conquistado para a CONSCIENTIZAÇÃO do Transtorno Autista, fica a dica para todos aprendermos mais. Crianças com pelo menos dois sintomas citados neste, em especial: dificuldade para se comunicar, falta de habilidade para interagir socialmente, interesses restritos e comportamentos repetitivos, que possam ser encaminhadas para avaliação. Receberão, assim, o diagnóstico clínico adequado, para estimulações apropriadas. Quanto mais cedo a criança tiver o correto diagnóstico e antes receber o tratamento adequado, melhor será seu desenvolvimento.