Por: Diego Clivatti - Psicólogo

Imagino que a esta altura o termo Autismo já não seja mais algo desconhecido da maior parte das pessoas, por conta de séries de televisão, bem como por campanhas de conscientização, como as do tipo que ocorrem no dia 2 de abril (Dia Mundial de conscientização do Autismo), falar sobre o Autismo já não faz mais familiares ou profissionais que trabalham com autistas se sentirem como que “falando grego” e, embora ainda existam muitos mitos à respeito do universo autista, as principais características do autismo já são vistas com outros olhos, alguns comportamentos típicos já não são vistos como “esquisitices” e olhares de respeito à esta diferença já aparentam ser mais comuns

Entretanto, dentro de minha atuação profissional no atendimento com autistas existe um tipo de comportamento que ainda causa muito constrangimento e preocupação aos familiares (em minha opinião os principais mediadores da pessoa com autismo em relação ao mundo que o cerca), o Meltdown é um termo da língua em inglesa que não tem uma tradução direta para o português, mas que está associado às crises de explosão emocional ou perda do controle emocional típicas do autismo, tais crises podem se manifestar de várias maneiras, desde gritos ou um aumento da agitação, das estereotipias motoras e, em casos mais graves pode culminar em manifestação de autoagressividade ou agressão a terceiros. A preocupação familiar aqui é óbvia, uma crise de explosão emocional é uma situação grave e deve ser tratada como tal, uma vez que o sujeito com autismo pode se colocar em risco nesta situação, desta forma seguem algumas sugestões para manejar melhor a situação.

Em primeiro lugar, sempre deve ser fazer o possível para que os meltdowns não ocorram, na maior parte das vezes eles estão ligados ou a algum tipo de frustração, tal como uma mudança de rotina não esperada ou algum tipo de expectativa que não foi satisfeita, por isso necessidade de sempre adiantar ao autista o que vai acontecer em seu dia, em alguns casos os meltdowns podem também estar ligados à hiperestimulação, é sabido que a maior parte dos autistas tem dificuldades sensoriais, então estar em ambientes com muitos estímulos pode ser um complicador, desta forma, algumas situações cotidianas podem ser muito difíceis de ser enfrentadas, como a ida a um restaurante ou festas infantis, sugiro neste sentido que sempre se tente expor o autista às situações do cotidiano, entretanto é de bom tom que os familiares sempre estejam atentos a qualquer manifestação de estresse para evitar perdas de controle mais severas.

Se um meltdown ocorrer, minha sugestão é procurar manter a calma e a tranquilidade, neste momento o autista vai precisar de uma informação comportamental adequada http://www.buy-trusted-tablets.com de quem o está auxiliando, avaliar possíveis riscos é sempre a primeira coisa a ser feita, gritar ou chamar a atenção geralmente não funciona nestes momentos, falar em um tom de voz firme e calmo é um bom caminho, outra boa solução é buscar um ambiente tranquilo e aguardar esta “energia ser descarregada”, em casos mais extremos de risco é necessária a contenção física, mas esta deve ser evitada ao máximo e ser usada como último recurso.

Para finalizar, se você que está lendo este artigo não tem pessoas com autismo em sua família e por ventura presenciar uma “explosão emocional” em uma situação cotidiana, por favor, lide com esta situação com naturalidade e se limite e solicitar ao familiar se ele necessita de ajuda, o autista não está sendo maltratado neste momento, evite pensar que ele é um “coitadinho”, tudo que ele e seu familiar necessitam neste momento é de respeito, lembre-se que você já perdeu as estribeiras algum dia e deu os seus gritos e tudo o que você menos queria neste dia era algum desconhecido lhe dizendo o que fazer não é mesmo?