Por: Kátia Marques Roberti - Fonoaudióloga

Os quadros autistas apresentam dificuldades variadas na área de linguagem, que podem ser: atrasos de aquisição da linguagem oral, desestruturação do discurso, dificuldades de aprendizagem da linguagem escrita e fala ecolálica (repetitiva).

            A aquisição da linguagem é um processo bastante complexo, no entanto, em crianças com desenvolvimento típico acontece de forma tão natural que nem se percebe sua complexidade. O bebê inicia sua comunicação com o choro para que a mãe e pai tenham a função de interpretar esse choro, como um desconforto, sono ou fome. No momento do aleitamento materno bebê e mãe mantém contato visual, existindo interação.

Com o passar dos meses o bebê inicia o balbucio e próximo a um ano de idade já utiliza palavras como mama, dada, papa, sendo que o outro (no caso os pais) deve significar essa fala, ou seja, dar um sentido, assim à criança amplia seu vocabulário com o passar do tempo.

A criança em desenvolvimento típico utiliza da brincadeira para se apropriar do conhecimento do mundo, observando o outro e suas relações com os objetos, explora incialmente com a boca, depois com as mãos e começa a dar função a esses objetos. Os bebês são muito atentos e imitam tudo o que lhe cerca, dessa forma pode-se dizer que antes da criança imitar a fala do outro ele imita os gestos, como mandar beijos, dar tchau, bater palmas, entre outros.

No caso do desenvolvimento das crianças autistas todo esse processo já pode estar alterado desde a amamentação, em que o bebê não faz interação com sua mãe, na observação do outro para imitar, atrasando para iniciar a aquisição da linguagem, apresenta dificuldades na contextualização das brincadeiras e manejo com os brinquedos, tem dificuldade nas brincadeiras com simbolismo (faz de conta).

Como o processo de aquisição da linguagem está alterado é comum que os pais procurem inicialmente um profissional responsável pela área da linguagem e fala, no caso, o fonoaudiólogo. Com isso, esse profissional viagra pas cher deve estar atento para saber diferenciar se é um caso de distúrbio específico de linguagem, outro quadro patológico ou autismo, para então realizar encaminhamentos para neurologista e psicólogo.

            O autista apresenta dificuldades de interação, portanto, é necessário buscar mudanças em relação a esse aspecto, pois, a fala tem como função comunicar ao outro, ou seja, interagir com o outro. É nesse contexto que encontramos sujeitos não falantes ou que utilizam da fala, mas não de forma diretiva, apenas repetem o que ouve.

Nesse sentido deve-se pensar que há diferença entre fala e linguagem. A fala é apenas o ato de articular e emitir sons, para tanto, tenho um sistema fonoarticulatório integro. A linguagem depende do cognitivo, do conhecimento que tenho sobre o mundo e da capacidade de compreensão.

A avaliação de uma criança que não oraliza é realizada com o lúdico, pois a brincadeira textualiza a relação que a criança possui com a linguagem e com o outro. Também é utilizado na avaliação testes para avaliar o nível de compreensão da linguagem.

.A terapia terá o objetivo de promover uma mudança na relação estrutural criança-outro-língua, a partir da interpretação da terapeuta das ações do sujeito, seja pelo lúdico ou pelo uso da comunicação alternativa.

O fonoaudiólogo deve tomar a cena clinica como um espaço que coloca o sujeito na posição de falante, mesmo que não utilize do verbal, para tanto, deve-se, a partir da interpretação do outro (terapeuta) sobre seus gestos e vocalizações, significar o sujeito e utilizar de apoios visuais, fotos e imagens que facilitem a comunicação.

A reabilitação da linguagem deve estabelecer uma relação de singularidade, colocando em foco o sujeito e suas manifestações linguísticas, seja de forma verbal ou não verbal (gestual). É importante levar em consideração questões de interação, como jogo simbólico (capacidade de utilizar o imaginário), imitação, ação e atenção compartilhada.

A comunicação alternativa consiste no uso de fotos reais de fatos e pessoas do cotidiano do sujeito, permitindo assim uma facilitação entre a comunicação, fazendo com que possa demonstrar vontades e preferências.

           A aquisição da linguagem oral ocorre anteriormente à aquisição da linguagem escrita, no entanto, em quadros de autismo, a leitura/escrita pode acontecer antes ou concomitantemente a oralização. Com isso, utiliza-se muito na clínica fonoaudiológica o apoio de uma modalidade de linguagem com a outra, pois, é comprovado que ambas se intercruzam no processo de desenvolvimento.

            Todo o atendimento desse ser bem estruturado e planejado de acordo com as necessidades individuais de cada sujeito, levando em consideração aspectos de linguagem, sensoriais, comportamentais, familiares, dentre outras, isso demonstra a necessidade de um suporte transdisciplinar, para suprir todas as necessidades do sujeito chegando a uma evolução do quadro clínico.