Por : Joel Rodrigo Risso - Músico/Professor de música 

Podemos dizer que a música é a arte de combinar os sons e o silêncio. Se pararmos para perceber os sons a nossa volta, o vento entre as folhas, o assovio dos pássaros, o tic-tac de um relógio, concluiremos que a música e seus elementos estão intimamente ligados conosco desde os tempos mais remotos. Qualquer atividade infundida à música torna-se mais prazerosa: como não se emocionar com a música preferida, como não se lembrar da música que marcou uma época, uma viajem uma pessoa uma data ou até mesmo uma música que fale por nós.  

Diante desta realidade percebeu-se que a música e seus elementos continham efeitos benéficos para saúde do corpo e mente, desenvolvendo estudos diante de sua aplicabilidade; hoje inserida em atividades físicas, cinema, teatro, entretenimento e em sala de aula, com o âmbito de educar musicalmente, desenvolver emocional/intelectual, cognitivo e formar ouvintes. 

Os benefícios são vastos, tais como: o estímulo da memória, a ajuda no desenvolvimento das conexões cerebrais, condiciona as emoções, propicia o autoconhecimento, melhora a comunicação, desenvolve as habilidades de cognição. Pessoas ligadas à música têm mais facilidade em se expressar; pais que cantam para seus filhos desde a gestação criam vínculos mais afetivos e efetivos pela associação das vozes. Uma “guloseima” auditiva! 

Inúmeras pesquisas revelam que a musicoterapia vem atuando com eficácia e obtendo resultados positivos no tratamento da depressão, Alzheimer, reabilitação motora, inclusive no autismo.  

Como educador/musicalizador tive a experiência e o desafio de trabalhar com alunos portadores de TEA (Transtorno do Espectro Autista), o que me proporcionou uma introspecção e um olhar totalmente novo a respeito, inclusive minha postura como profissional mudou. Entre os olhinhos esbugalhados, as dificuldades de relacionamento e os risos inocentes, conscientizei-me  sobre a importância do trabalho em conjunto e de como poderia contribuir. 

Com muita disposição, pesquisa, leitura e conversas com profissionais na área, sempre buscando mais conhecimento e me aprofundando sobre o assunto, percebi que a música foi uma ponte (de comunicação possível) para começarmos a nos comunicar, (mesmo que de uma forma não verbal) e ensinarmos um ao outro. Pois, nas aulas, o importante é participar e não somente alcançar um champix resultado, desenvolvendo também a auto-estima, já que as atividades com intervenções baseadas em música,  tem maior aprovação por eles. 

Há publicações e relatos recentes, que mostram a evolução de um indivíduo autista tendo a música como aliada no desenvolvimento social. Com a intervenção de estímulos musicais, tiveram aspectos positivos e melhoras em algumas habilidades: relações interpessoais, habilidades motoras, melhora na atenção compartilhada, diminuição dos movimentos estereotipados, diminuição da hiperatividade, melhora na comunicação social, na fala; já que a música como linguagem não verbal atua na mesma região do cérebro onde atua a linguagem verbal, estimulando e melhorando. 

“A música é um veículo linguístico de compreensão divina, que nos permite aproximarmos de nossa alma”, e nada mais magnífico que comunicar-se com as pessoas através dela. 

 Inclusão, uma palavra que precisa ser familiarizada, para incluir mais amor, esperança e igualdade. 

Diferente é o mundo que queremos!