Por: Rosângela Prestes Neitzke - Psicopedagoga Clínica e Institucional

Vivemos em pleno século XXI, época da revolução tecnológica, segundo publicações recentes ultrapassamos a geração y e agora estamos adentrando na geração Mobile, isso porque a comunicação se dá pela Web, não mais via computadores e sim celulares. A internet modificou a forma de estruturar as informações, de se comunicar, mas mesmo assim carecemos de informações, sentimos necessidade de rever posturas, paradigmas e conceitos cristalizados em relação à inclusão, precisamos ampliar o olhar.

Diante deste contexto optei por dividir minha primeira experiência com uma criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Escolhi o tema, porque a experiência modificou a minha postura enquanto profissional; ouso dizer enquanto ser humano. Ampliei meu olhar em relação à vida, as diferenças, a inclusão e ao fazer psicopedagógico.  

Tinha experiência em turmas de alfabetização, era pedagoga, estava cursando pós-graduação em psicopedagogia quando recebi em sala pela primeira vez um aluno autista. O que sabia sobre autismo? Na época muito pouco. Então como alfabetizar aquele menino de olhos lindos, que não queria parar em sala de aula, gritava algumas vezes, derrubava o lanche, tinha dificuldades de relacionamento e motora? Entre muitas dúvidas, uma grande certeza; a qual continua guiando meu trabalho todos os dias: Todo ser aprende!

Iniciei o trabalho lendo laudos, entrevistando a família, estudei o diagnóstico; conversei com os profissionais que o atendiam. Na época ele não tinha acompanhamento psicopedagógico, então cabia a nós, enquanto escola aprendermos a fazer as adaptações pedagógicas. Pedi ajuda, ouvi a minha sensibilidade, aceitei o meu aluno como ele era, com a sua individualidade, assim como aceitava cada um dos demais. Mudei meu foco, ampliei a minha visão: em vez de uma dificuldade ele passou a ser para mim uma oportunidade de aprendizagem. Entendi que ele tinha potencial, desistir dele estava fora dos planos; por isso fui estudar, realizei cursos, diversifiquei as estratégias.

Busquei ter a família e a equipe multidisciplinar como parceiras. Conversei com os demais alunos da turma, tornaram-se parceiros no trabalho da inclusão. Quando a cialisfrance24.com turma inclui uma parte do trabalho está feito. Uma turma não pode ter segredos ela precisa estar a par do processo. Trabalhar as diferenças de forma clara, resolver em conjunto às situações. Após a observação das necessidades deste aluno elaboramos um plano de ação, estruturamos um planejamento e passamos a agir. O resultado foi positivo, explorávamos suas capacidades, respeitávamos as necessidades, o desafiávamos para que avançasse.

Aprendi com os acertos e os erros. Aquele foi um ano de aprendizagens, percebi que era capaz enquanto profissional de inovar, de incluir, me apaixonei pelo autismo. Pela sua diversidade, complexibilidade e desafio. Foi uma experiência única, a qual me possibilitou estar mais segura e capacitada para as novas experiências que surgiram.

Trabalhar com autistas, requer conhecimento, autocontrole, disposição e amor. É preciso ter uma visão estratégica, e ter consciência da sua responsabilidade profissional e social.

A intervenção para ser efetiva deve ser interligada com a escola e a família, pois ambas fazem parte do contexto do indivíduo. O profissional deve estar preparado para oferecer suporte a todas às partes.

A escola tem papel fundamental no desenvolvimento do autista, possibilitando que desenvolva seu potencial, supere seus limites. Cabe ao psicopedagogo auxiliar na eliminação de barreiras e na criação de estratégias de ensino que atendam as reais necessidades. Minimizando as limitações e maximizando as potencialidades; para juntos construir a intervenção adequada, considerando as particularidades do aluno. Deve-se ter sempre presente que em se tratando de autismo o planejamento do tratamento deve ser estruturado e reestruturado de acordo com as necessidades emergentes do paciente.

Quando observo pais aflitos, professores preocupados, muitos sem saber como atuar, busco compreender ambos os lados, porque assim como aconteceu comigo muitos não foram preparados. Muito se fala sobre a de inclusão, mas na verdade o que ocorre é apenas a aceitação ou nem ela. Aceitar é o primeiro passo; aceitar que todos nós, eu, você, seu colega ao lado, somos diferentes, tendo ou não autismo; mas incluir vai além, é fazer um trabalho efetivo, que comprove mudanças, onde ocorra aprendizagem para a autonomia, é uma mediação assertiva respeitando a individualidade e necessidades específicas de cada um.

Parabéns aos que fazem a diferença, aos que ainda não fazem; o convite de que ousem ampliar o olhar em relação à inclusão. A sociedade o desafio, o autismo perpassa os muros da escola e da família, é uma questão social. Quando tivermos uma sociedade mais inclusiva, teremos uma sociedade mais humana, mais saudável e feliz.