Por: Letícia F. da R. Cansian - Terapeuta Ocupacional

A integração sensorial é a habilidade de receber, organizar, interpretar sensações, e responder adequadamente ao ambiente, de modo a auxiliar o ser humano no uso funcional do corpo nas suas ocupações (AYRES, 1995). Em outras palavras, é a habilidade do individuo em apresentar comportamentos apropriados frente às demandas das atividades cotidianas e sociais, sem interferência das informações sensoriais que o cercam. Quando existe disfunção no processamento sensorial todo o sistema de regulação é alterado, caracterizando o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS), que afeta o desenvolvimento das habilidades básicas, destrezas motoras, comunicação e interação social. Uma das atividades de vida diária mais relatadas como “problemáticas” pelos pais de crianças autistas é a alimentação, relacionada à sua seletividade. Esta pode ser consequência de diversos fatores, como hábitos e preferências, condições de saúde, bem como o TPS. Nesta perspectiva, a criança pode apresentar tal dificuldade em função das texturas, consistências, temperaturas, cores, aspectos, tamanho, odor do alimento, som emitido ao mastigá-lo, além de sons e movimentos no ambiente, posturas e movimentos adotados durante a atividade; ou seja, as informações sensoriais interferem diretamente no desempenho da criança na alimentação. Porém, para se indicar o TPS como a principal causa da dificuldade, deve ser realizada avaliação detalhada com terapeuta ocupacional (TO), baseada na integração sensorial a fim de identificar respostas sociais, emocionais e comportamentos inadequados nas diversas situações cotidianas frente aos estímulos sensoriais, possibilitando identificar se a seletividade alimentar, além do outros comportamentos peculiares, são consequências do TPS. Identificado o transtorno, a criança se beneficiará da terapia da integração sensorial, realizada pelo TO que junto à família elaborará uma dieta sensorial à criança, envolvendo atividades de exploração/vivência sensorial, buscando respostas adaptativas mais complexas, refletindo em desempenho ocupacional e comportamentos sociais e emocionais mais adequados.